terça-feira, 2 de agosto de 2011

Meu Jogo Inesquecível: Túlio e o Botafogo-95 que Beth Carvalho gosta

Madrinha do Samba conta que paixão pelo Alvinegro surgiu antes do amor pela Mangueira e guarda no coração a grande final do Brasileiro

 

   Poucos brasileiros desconhecem as preferências de Beth Carvalho. De um lado, seu coração é verde e rosa; do outro, preto e branco. A maioria, no entanto, não sabe que Garrincha, Didi e Nilton Santos surgiram na sua vida antes de Nelson Cavaquinho, Cartola e Nelson Sargento. Sim, a Madrinha do Samba é botafoguense de berço. Antes da paixão pela Mangueira, surgiu a alvinegra. Pai, mãe, irmã mais velha, todos em casa já carregavam no peito a Estrela Solitária.
    Antes disso, já tinha visto a folha-seca de Didi e se empolgado com os dribles de Garrincha. Depois foi a vez de Jairzinho, Paulo Cesar Caju, Marinho Bruxa, Afonsinho e outros jogadores que se tornaram seus amigos nos encontros no Cacique de Ramos. Com os anos, Beth descobriu papel invertido nessa relação com os craques da bola. Fã confessa da habilidade e classe de Nilton Santos, soube, quando o conheceu, que era ídolo do ídolo. E carrega na figura de outro jogador importante na história alvinegra um momento bem especial.
    -O jogo mais marcante que vi foi o do gol do Túlio, no primeiro Brasileiro conquistado pelo Botafogo, em 1995, naquela partida contra o Santos., em São Paulo. Na verdade, é o segundo título, porque agora reconheceram aquele de 1968. Mas na época, para todos os efeitos, era como se fosse o primeiro. E ainda teve a história do gol de impedimento, que reclamam até hoje. O Túlio foi uma maravilha, arrasou. E virou meu ídolo. Depois desse Brasileiro, teve um aniversário meu que ele apareceu de surpresa lá em casa... Aquele time era muito bom. Tinha ainda o Gottardo, o Gonçalves, o Donizete - afirmou Beth, em sua casa, na Barra.
    De fato, até hoje torcedores do Santos se queixam da arbitragem de Márcio Rezende de Freitas no empate por 1 a 1 entre Santos e Botafogo, dia 17 de dezembro de 1995, no Pacaembu. Após vencer no Maracanã a primeira partida, por 2 a 1 - gols de Túlio e Gottardo -, o Botafogo foi a São Paulo precisando do empate para sair de lá com o título. Conseguiu o resultado e a taça. O time começou bem. Em posição irregular, Túlio abriu o placar, aos 24 minutos do primeiro tempo, para alegria de Beth Carvalho, que viu o jogo em casa, acompanhada de amigos alvinegros. Na segunda etapa, Marcelo Passos empatou na saída, com um minuto de jogo. Dali até o fim, foi um drama até o árbitro encerrar a partida.
   - Eu estava muito tensa naquela final. Só lembro que vi com botafoguenses, porque aqui em casa eu não boto ninguém para ver jogo comigo que não seja botafoguense. Não tem negócio. E quando vou para o campo, só com botafoguense também. Deus me livre ir com flamenguista, vascaíno, nem pensar. E a maioria dos meus amigos é Flamengo. Mas tenho um amigão botafoguense. O meu cunhado, que é fanático, também vai a todos os jogos do Botafogo, inclusive no interior. Então, eu sempre tenho companhia.

Derrota polêmica

   Uma das partidas que Beth presenciou no Maracanã e não esquece foi a polêmica derrota para o Fluminense por 1 a 0 na final do Campeonato Carioca de 1971. Esse jogo completou 40 anos recentemente, no dia 27 de junho de 2011. O gol decisivo de Lula aos 43 minutos do segundo tempo, num lance em que todos os alvinegros reclamam até hoje de falta do lateral tricolor Marco Antônio no goleiro Ubirajara Motta, transformou o árbitro José Marçal Filho em um dos maiores vilões da história do Botafogo.
    - Tem coisas que só acontecem com o Botafogo. Eu estava nesse jogo. Ali nas cadeiras comuns do Maracanã, ficava todo mundo misturado. Tinha uns tricolores ali, ninguém comemorou. Eu chorando, e ninguém vibrando na minha frente. E tinha criança... Para você ver que não era gol legal. Naquele dia, fiquei arrasada, com raiva do Marco Antônio... Ele frequentava o Cacique de Ramos. Essa turma toda ia lá. Jairzinho, Paulo Cezar Caju, Afonsinho, Marinho Bruxa... Tinha também o Alcir, do Vasco, o Renê, um negro bonito. E o Edson, que virou até meu marido depois. Todos jogavam futebol de salão ali, tem uma quadra no Cacique, agora coberta..
    - A maioria dos meus amigos é Flamengo. Tenho um amigão botafoguense, o meu cunhado, que é fanático, vai a todos os jogos do Botafogo, inclusive no interior. Então, eu tenho companhia para ir ver o Botafogo.

Música no fim do jejum

    Com Beth Carvalho, não adianta: futebol e samba seguem juntos. Num pulo até 1989, ela lembra de outro dia de Maracanã com casamento perfeito das duas maiores paixões brasileiras. E, veja só, outra partida com arbitragem polêmica se tornou marcante para a Madrinha do Samba.  A vitória do Botafogo sobre o Flamengo por 1 a 0, na decisão do Carioca, no dia 18 de junho, pôs fim ao jejum de 21 anos sem títulos. O gol de Maurício, aos 12 minutos do segundo tempo, até hoje provoca discussão com os rubro-negros, que reclamam de um empurrão do camisa 7 no lateral Leonardo no lance decisivo. Mas a melhor lembrança foi uma certa música...
    - Esse jogo também foi muito emocionante. Foi no ano em que gravei aquele samba "Esse é o Botafogo que eu gosto..." Nessa faixa do disco só tem botafoguense. Os músicos são botafoguenses, o coro também, muitos dos jogadores foram... Maurício, todo mundo. Eu gravei depois do título. Teve um buffet todo de Botafogo. Até aquela Sonja, torcedora, apareceu. A música pegou, virou um segundo hino. Depois, teve o bicampeonato carioca.
    "Esse é o Botafogo que eu gosto" não é a única música que Beth gravou a virar hit entre os torcedores. Um outro clube alvinegro, o Atético Mineiro,  ganhou lugar especial no coração da sambista depois de "Vou festejar" passar a ser bastante cantada nos estádios pela Massa.
 
    - Foi uma coisa muito espontânea da torcida do Atlético. Nunca poderia imaginar, aquilo foi um fenômeno. O Jorge Aragão, autor do samba, é Flamengo. A letra é de vingança... Foi totalmente espontânea essa história. Nunca imaginei que essa música fosse virar hino de campo. Aí é mais gostoso ainda. Cheguei lá de helicóptero, parecia Papai Noel. Uma loucura. Aquele mundo inteiro cantando "Vou festejar". E no Maracanã, quando apareço, é uma festa. Fico no camarote ou na cadeira especial do lado da torcida do Botafogo. Quando ia para a cadeira comum, era complicado assistir, por causa do assédio. Mas já fui de arquibancada. Só não vi jogo de geral. Mas lamento profundamente que não tenha mais. Um absurdo.

Ídolo dos ídolos


    Beth sente saudade dos tempos em que a geral existia e dos grandes ídolos em campo. Durante a entrevista, fez questão de vestir a camisa do grande ídolo, Nilton Santos, que conheceu num programa de TV.
    - Garrincha foi minha primeira referência em futebol. Sempre. Meus primeiros ídolos, que me lembro de ver jogando, foram Nilton Santos, Didi... Depois, já como Beth Carvalho, tive contato com eles. Foi sensacional. E eu sou ídolo do Nilton Santos, olha que coisa... Eu o conheci há pouco tempo, no programa "Bem, Amigos!", do Sportv. Fui ao programa a pedido dele. E ele mesmo me deu a camisa. Também tenho uma de 1989, com várias assinaturas de jogadores.
   Um arrependimento de Beth foi não ter influenciado a filha, Luana, a ser alvinegra. A Madrinha do Samba lembra que, quando a menina nasceu, o Flamengo vivia fase de ouro, com Zico, Junior & Cia., enquanto o Botafogo penava no jejum de títulos. O rubro-negro Edmundo Souto, amigo da intérprete e autor de "Andança", um de seus grandes sucessos, deu até camisa de presente.
    - Juro por Deus, eu a deixei ser Flamengo porque o Botafogo não ganhava nada, foi na época do Zico. Era difícil. Ai eu falei: "Deixa ela ser feliz." Mas aí o Botafogo foi campeão em 1989. Aí, ela fez uma bandeirinha do Botafogo para mim, pintadinha. Luana nasceu em 1981. Tinha oito anos. Já era Flamengo.      Depois, eu me arrependi. Mas agora já é tarde. Com certeza, o Botafogo me fez sofrer mais do que a Mangueira. Sempre fui ver futebol, mas não muito, só em comparação com outros artistas. Já perdi muitos jogos que gostaria de ter ido por causa de shows. Nosso horário é muito maluco, nossa vida é muito doida - afirmou a sambista, torcendo para que o clube consiga, este ano, o tri brasileiro..

Saudações Alvinegras!!!

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